Este talvez seja o livro mais político de Antonio Candido que, na primeira parte, trata de uma socialista italiana, que veio para o Brasil no final do séc. XIX e, na segunda parte, de escritos de cunho politicamente radical.
Fora de estoque
Este livro já foi considerado “o mais político” do seu autor. A primeira metade trata de uma obscura e interessante socialista italiana, Teresina Carini Rocchi (1863-1951), que veio para o Brasil em 1890 e aqui se integrou nos movimentos de reivindicação social em São Paulo até 1910, quando mudou para Poços de Caldas, onde morreu, sempre doutrinando, afirmando o seu antifascismo, vibrando na esperança de uma sociedade marcada pela igualdade econômica e social. Além de mencionar as suas idéias e as suas extensas leituras, o autor destaca alguns dos seus companheiros de luta em São Paulo, inclusive dois que depois tiveram papel destacado na Itália: Edmondo Rossoni, que aderiu ao
fascismo e foi ministro, e Alceste De Ambris, oposicionista que morreu exilado na França. Dos que permaneceram em São Paulo são referidos Alcibiade Bertolotti e Antonio Piccarolo, este, socialista moderado que teve certo relevo na vida cultural da cidade.
A segunda metade do livro consta de seis textos variados. O primeiro mostra a curiosa radicalidade de um escritor tido geralmente como diletante frívolo, João do Rio, que no entanto escreveu crônicas lúcidas e revoltadas contra a miséria e a exploração econômica do pobre. Um ensaio sobre Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, ressalta entre outras coisas como este livro famoso propõe uma nova maneira de encarar o país, ao discrepar da linha então predominante nos estudos sociais, mostrando a passagem da tradição portuguesa para uma realidade diferente. Além disso, relativizou a tradicional importância dada às elites e efetuou uma abertura no rumo da iniciativa popular. Noutros textos são abordados: a real natureza fascista do integralismo; o 1º Congresso Brasileiro de Escritores de 1945, voltado contra a ditadura do Estado Novo; a atuação importante nos anos de 1950 de um grupo da burguesia de São Paulo na modernização do teatro e do cinema; um comentário político do filme de Elio Petri, Um cidadão acima de qualquer suspeita.