Tese e antítese

Publicado em 1964, Tese e antítese contém seis textos, cinco dos quais abordam o problema da per­sonalidade dividida na obra de romancistas que pertencem a diferentes literaturas: inglesa, francesa, portuguesa, brasileira. Para terminar, algo intencio­nalmente diverso: uma espécie de levantamento das preferências musicais de Stendhal.

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Sobre a Obra

O ensaio que abre o livro, Da vingança, focaliza o desdobramento da personalidade em craveira ro­mântica n’O conde de Monte Cristo, de Alexan­dre Dumas, em função de um tipo de persona­gem con­di­cionado historicamente. A dimensão histórico-so­cial é mais acentuada no ensaio Entre campo e cidade, sobra a obra de Eça de Queirós, autor que, tendo começado como negativista radical, acabou incorporando de maneira compreensiva valores tra­dicionais, sem comprometer com isso a qualidade da sua produção ficcional.
O ensaio que pode ser considerado mais importante, “Catástrofe e sobrevivência”, está no centro do livro e aborda a obra de Joseph Conrad, procurando determinar as situações narrativas e as técnicas utilizadas para representar literariamente o ser dividido, visto como estado normal e, portanto, como risco permanente da condição humana. Des­tacando sobretudo um romance e uma novela, Lord Jim e The Secret Sharer, Antonio Candido analisa a emergência no ser de um outro, que contradiz a linha dominante da personalidade e no entanto é sua componente inevitável.
A obra de Graciliano Ramos, objeto do ensaio “Os bichos do subterrâneo”, lhe dá a oportunidade de ilustrar de maneira quase tangível o jogo das contradições humanas, encarnadas em personagens que parecem antagonistas de si mesmos, sobretudo nos livros escritos em primeira pessoa. “O ensaio sobre Grande sertão: veredas”, de Guimarães Rosa, “O homem dos avessos”, registra o que pode ser considerado o limite das divisões do ser, pois encarna no demônio os nossos aspectos perigosos, abrindo para o leitor um mundo vertiginoso de ressonâncias que parece oscilar entre realidade e símbolo, entre positivo e negativo, configurando uma das maiores obras ficcionais do século XX.
Encerrando o livro, “Melodia impura” é uma espécie de apêndice corretivo dos ensaios anteriores, porque contrapõe aos dilaceramentos do eu a unidade pressuposta nos estados de euforia, como os que Stendhal procurava na música.

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