Imagens da industrialização em SP

A exposição Imagens da Industrialização em São Paulo foi um exemplo bem sucedido de projeto multidisciplinar, realizado em torno do tema do desenvolvimento industrial da cidade. Inaugurada em setembro de 1977, no MASP, no auge do arbítrio imposto pela ditadura militar e em plena vigência do Ato Institucional nº 5, a exposição e o documentário Os libertários, de Lauro Escorel Filho, foram dois dos produtos da extensa pesquisa feita a partir do arquivo de Edgard Leuenroth, entre outras fontes, coordenada pelos professores Paulo Sérgio Pinheiro e Victor Leonardi, no Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) entre 1975 e 1977.

O trabalho envolvia historiadores, cientistas sociais, fotógrafos de still, fotógrafos de imagens em movimento, cineastas e uma designer, para lembrar algumas das categorias profissionais que atuaram nela. Talvez caiba sublinhar não ter sido pequena a audácia de uma iniciativa que se propunha tratar o tema pelo filtro da simpatia ao movimento operário, justamente num momento de repressão feroz à democracia e a tudo o que dissesse respeito a ela. Tanto é que o diretor do museu deu ao evento o prazo curto de apenas 30 dias para sua permanência no espaço da instituição. No entanto, o sucesso da mostra foi tal, que esse prazo teve que ser estendido por cerca de três meses.

No tocante especificamente ao projeto, a designer teve que equacionar, simultaneamente, quatro categorias de questões.

A primeira foi transformar em um discurso visual consequente o resultado das pesquisas.

O segundo, uniformizar graficamente fotografias e documentos de origens e épocas muito diversas, resultado obtido através de uma cuidadosa aplicação de retículas de modo a aproximar visualmente as texturas fotográficas.

A terceira categoria de questões foi o projeto dos montantes expositores que partiu da justaposição de painéis de compensado de mais de um formato, a sarrafos de madeira que os estruturavam.

A quarta e última, por fim, dizia respeito à circulação, ao direcionamento do visitante através do espaço de maneira que a informação fosse apreendida no melhor curso para seu entendimento. Finalizando, cabe mencionar o calibre dos envolvidos na iniciativa, expressivo não apenas de importância que ela teve, como do nível que já se deu, em nosso país, a iniciativas de caráter semelhante.

Foram ativos no processo de transferência do arquivo Edgard Leuenroth para Campinas: Aziz Simão, Antonio Candido, Sergio Buarque de Hollanda, Carlos Guilherme Motta, Fernando Novais e Zeferino Vaz. Lauro Escorel Filho coordenava a pesquisa audiovisual, integrada, entre outros, por profissionais como Adrian Cooper. E Severo Gomes era Ministro da Indústria e do Comércio e soube apoiar de forma decisiva a realização do projeto e dos produtos resultantes dele.

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