A educação pela noite

Os ensaios deste livro comentam textos de cunho marcadamente poético de escritores como Alvares de Azevedo, Carlos Drummond, Lima Barreto e também a obra de alguns críticos literários estrangeiros e nacionais.

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Sobre a Obra

A educação pela noite deve o título ao ensaio inicial, que trata do teatro e da ficção de Álvares de Azevedo, poeta ao qual Antonio Candido sempre dedicou muita atenção e é apresentado aqui como singular experimentador que levou bem longe a rup­tura romântica com os gêneros literários, ao sol­dar uma novela a um drama. O ensaio seguinte, “Os primeiros baudelaireanos”, procura mos­trar como os jovens do “realismo poético” dos anos de 1870, censurados por Macha­do de Assis por exa­gerarem a dimensão sexual ao imitarem Baudelaire, estavam assim ajustando a obra deste às suas próprias tendências de rebeldia. Depois vem “Os olhos, a barca e o espelho” sobre os escritos pessoais de Lima Barreto, autor irregular que talvez tenha podido, neles, manifestar me­lhor o seu desejo de sinceridade e a sua consciência dos problemas sociais. “Poesia e ficção na autobiografia” analisa obras de cunho pessoal de Carlos Drummond, Murilo Mendes e sobretudo Pedro Nava, que publicara os dois primeiros volumes de memórias quando o ensaio foi redigido e Antonio Candido apresenta como grande escritor.
A segunda parte contém ensaios sobre críticos, a começar por Giraldi Cinthio (“O patriarca”), talvez o primeiro a tentar, no século XVI, a reflexão sobre a narrativa ficcional, como faria de maneira mais desenvolvida no século XVII o francês Fancan, objeto principal do ensaio seguinte (“Timidez do romance”). Depois há um escrito sobre Silvio Romero (“Fora do texto, dentro da vida”), que procura mostrar como ele acertou bastante apesar dos muitos erros. Encerra esta parte “O ato crítico”, sobre Sérgio Milliet, focalizando principalmente o Diário crítico, reunião em vários volumes dos artigos por meio dos quais ele exerceu papel importante na ori­en­tação do gosto literário em São Paulo entre os decênios de 1940 e 1960.
A terceira parte do livro é formada por textos que o autor denominou de “crítica esquemática”, o primeiro dos quais teve bastante difusão no Brasil e no exterior: “Literatura e subdesenvolvimen­to”. Se­guem: “Literatura de dois gumes”, sobre o cunho ao mesmo tempo cultural e político da nossa lite­ratura no período colonial; “A Revolução de 1930 e a cultura”, focalizando a viravolta que ela determinou no universo cultural do Brasil; finalmente, “A nova narrativa”, sobre tendências da nossa ficção contemporânea.

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