O método crítico de Silvio Romero

Este livro, tese universitária publicada pela primeira vez em edição do autor no ano de 1945, estuda o pensamento crítico de Silvio Romero no quadro mais amplo de sua extensa obra de polígrafo ambicioso.

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Sobre a Obra

É preciso não esquecer que ele foi protagonista do movimento de ideias que modernizaram o panorama cultural do Brasil a partir do decênio 1860, com base sobretudo no naturalismo filosófico e científico, do qual o evolucionismo foi a expressão mais difundida.
Silvio Romero procurou superar a crítica retórica e bibliográfica do nosso Romantismo por meio de uma posição que considerava científica, porque substituía os imponderáveis do gosto pela referência a fatores causais externos, que permitiram ver a obra como produto. Para isso inspirou-se em Taine, com certa liberdade devida ao seu senso penetrante dos aspectos peculiares à sociedade brasileira. Como acontece frequentemente com os críticos naturalistas, foi sempre mais capaz de debate teórico e de “vistas sintéticas”, como dizia, do que de análise crítica e avaliação correta. Além disso, vacilava entre o desejo de rigor científico e a espontaneidade das impressões, de maneira a sobrecarregar a sua obra com várias incoerências.
Como para ele a literatura era produto do meio físico, da raça e das condições histórico-sociais procurou interpretar a brasileira como fruto da mestiçagem, que foi o primeiro a destacar e a usar teoricamente como critério explicativo. Com grande acuidade, alargou o conceito para abranger os aspectos culturais, não apenas os raciais, criando a expressão “mestiçagem moral”, que hoje se chamaria aculturação, contacto de culturas etc. A partir daí concebeu o escritor como personalidade representativa da sociedade.
Seja como for, esta orientação acarretava o perigo de reducionismo, racional e social, que prejudicou a sua capacidade, aliás limitada, de abordar esteticamente o texto literário. Apesar disso, a sua obra é monumental e foi ele quem estabeleceu o cânon da nossa literatura, a partir de trabalhos anteriores que superou, como os de Joaquim Norberto, Varnhagen, Fernandes Pinheiro e outros. Para Antonio Candido, a elaboração desta tese foi importante, porque lhe fez ver as limitações da crítica sociológica, bastante presente no início da sua atividade.

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