O pai, a mãe e a filha

Lembranças de uma menina levada, entre os 4 e os 8 anos que organizam e decifram o mundo e, dentro dele, a casa. Em meio às experiências infantis o texto fornece uma visão dura tanto das crianças quanto dos adultos. E o veio sádico que habita a menina aflora diversas vezes tendo como pano de fundo o ritmo manso de São Paulo entre os anos 1940 e 1950, em uma rua sossegada e nas férias passadas na fazenda dos avós. Para melhor situar a ação a autora envereda pela ascendência da menina – pais, avós, bisavós – tentando dar nexo social a uma trajetória de vida que se inicia.

R$ 68,00

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Sobre a Obra

Este é um livro que nasceu clássico. Memórias de infância por um lado, memórias de escritores por outro, dois gêneros bem assentados em nosso país bem como pelo planeta afora, nada tem de ambíguo, antes de duplo. O olhar da menina, assim lindamente nomeada, vai organizando e decifrando o mundo a partir da casa, focalizando o entorno, os vizinhos, a malta dos pequenos, os visitantes. E se volta da infância para trás, perscrutando o passado tal como se apresenta às crianças, encarnado nos mais velhos: os pais, os tios, os avós, e os casos que contam. A teia vai compondo o universo em que a menina se move.
A prosa apurada, que evita o clichê mas incorpora o coloquial, revela-se cheia de sábias escolhas. Quem escreve é um adulto, sopesando, discriminando, ponderando. Podam-se com rigor os nomes próprios, o que alivia o texto e evita o cunho de almanaque. Os “podres” são narrados com graça. A vida deste tomboy franzino mas forte, os cabelos cortados, sempre de macacão, é cheia de traquinagens e peripécias. Delineiam-se os perfis de um pai e uma mãe marcantes, nem é preciso dizer, mas igualmente os de muitos outros figurantes.
O leitor fica com pena quando o livro acaba e nada mais acontece a partir da infância da menina, cujo olhar aprendeu a emular, sendo doloroso despregar-se dele. E depois? fica-se perguntando. Será que as aventuras posteriores seriam menos interessantes? Não, com certeza, na pena desta escritora.
WALNICE NOGUEIRA GALVÃO

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