Biografia de um funcionário do Segundo Império que tentou impor, no serviço público brasileiro, o escalonamento na carreira pelo mérito e não pelo compadrio.
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Um Funcionário da Monarquia conta a história de um burocrata de origem social modesta cujo êxito foi devido à competência e à estrita vocação administrativa que o fizeram entrar em choque com os senhores da política, quando tentou substituir, no serviço público, o pistolão e o compadrio por concursos que gerassem carreiras escalonadas segundo o mérito, etapa por etapa. Funcionário exemplar, Antonio Nicolau Tolentino tendo começado como simples praticante, possivelmente em nível de servente, trabalhou no Tesouro Nacional até se aposentar como diretor, mas foi também encarregado de missão econômica no Uruguai, presidente de sua província do Rio de Janeiro, inspetor geral da Alfândega, presidente da Caixa Econômica – que praticamente consolidou – e diretor da Academia Nacional de Belas Artes.
Homem culto, escrevia bem e publicou livros de interesse. Pagando caro o ânimo inovador e nem sempre conseguindo controlar o temperamento, teve momentos amargos de ostracismo mas também a confiança e o apoio de figuras eminentes como o duque de Caxias, o visconde do Rio Branco e o de Mauá, seus bons amigos.
Antonio Candido quis mostrar além disso, neste livro, como é possível dar uma ideia do que eram certos aspectos do Brasil monárquico a partir não dos grandes personagens, em geral objeto da atenção dos historiadores, mas dos secundários, – daquelas letras minúsculas que, segundo uns versos de Edmond de Rostand, são tão necessárias quanto as maiúsculas “para compor uma página de história”. Mais ainda: a partir desta biografia o leitor poderá conhecer uma das maneiras segundo as quais se constituiu a classe média brasileira daquele tempo, pois o conselheiro Tolentino soube construir um perfil social que lhe deu acesso a níveis bem superiores àquele em que nasceu.
Figura ainda nesta edição uma entrevista com o autor, feita no lançamento de Um Funcionário da Monarquia.