Em 1994 as empresas ainda se aplicavam em soltar relatórios impressos na obrigação de expor o desempenho anual a acionistas e ao próprio mercado. Mas, com a chegada das tecnologias digitais de produção de informações a prática se tornou obsoleta e, com isso, designers gráficos, fotógrafos, redatores e publicitários acabaram vendo escorrer-lhes pelos os dedos um campo de trabalho importante e seguro.
Por outro lado, era usual que esses relatórios disputassem entre eles, a cada ano, o lugar reservado à solução gráfica mais original, à melhor fotografia, ao melhor texto ou à impressão mais cuidada. Essa movimentação, restrita ao universo das agências de publicidade e aos escritórios de design gráfico, excitava as opiniões dos profissionais das duas áreas e muitos se esforçavam para cativar a atenção de seus pares num empenho de autossuperação renovado a cada 12 meses. No caso desse relatório, projetado em 1994 para o ABC Roma, a proposta foi organizar o texto em torno de montagens obtidas dos registros de atividades nas quais o banco estava presente como investidor: infraestrutura de exportação, robotização industrial, transformadores conversores para energia elétrica e assim por diante.
A capa, por sua vez, é resultado de uma boa ideia de Ricardo Azoury, autor das fotos que serviram como ponto de partida para as montagens. Ricardo registrou parte do edifício do ABC Roma refletido no prédio em frente a ele chegando, assim, a um resultado instigante que não precisou se poiar no recurso da montagem para ser original.