A Identidade visual do filme Ato de violência, de Eduardo Escorel, lançado em agosto de 1980, foi projetada numa circunstância diferente e anterior à constituição da Ouro sobre Azul. Para atender ao filme, o trabalho de design deu conta do cartaz, do letreiro e da identificação das fotografias que, naquele tempo, iam para a porta dos cinemas mostrar um pouco do que o público ia ver na sala de exibição. No centro da narrativa está um ato gratuito violentíssimo a partir do qual certo indivíduo – sem nenhum sinal detectável de anomalia psíquica –, assassina, sem razão aparente e em momentos distintos, duas mulheres que, depois de mortas são caprichosamente esquartejadas por ele. O roteiro se inspirou num caso verídico e o autor dessa barbaridade dupla ganhou, em função disso, o apelido de Chico Picadinho.
Partindo dos dois crimes, o filme se espraia para uma reflexão acerca do sistema carcerário brasileiro, da violência familiar e contra a mulher e do feminicídio, todos temas de grande atualidade no Brasil, como sabemos, indicando que aqui, infelizmente, a solução dos problemas apresentados por nossa sociedade costumam andar a passos de cágado.
No tocante à identidade visual, por sua vez, o núcleo é o rosto do personagem central – os olhos, principalmente – e as cores vermelho e verde, em uma proposta que privilegia o tratamento gráfico da imagem, não os aspectos da verossimilhança fotográfica.