A Casa Maria Editorial foi uma editora criada em meados de 1980, sensível à ideia de que a feição gráfica do produto importava tanto quanto a linha dos textos a serem publicados. Atrás da tentativa de identificar seu livro no mercado, a partir de uma expressão gráfica uniforme, a editora confiou a mim o projeto de todas as capas, no breve espaço de tempo em que durou. Naqueles anos, a vida dos designers era outra e todo o processo de trabalho seguia uma absoluta artesania, do conceito à execução dos originais.
O tratamento do miolo, por outro lado, ficava a cargo da editora e, sendo assim, o designer se limitava à capa, para a feitura da qual manejava réguas T, esquadros de 45º, de 60º, compassos, lapiseiras com minas de diversas espessuras, canetas a nanquin com penas variadas e, principalmente, na etapa de layout, estojos e mais estojos de marcadores coloridos com um quantidade inimaginável de cores, tons e sub-tons, todo esse universo de possibilidades substituído, a partir do começo de 1990, pelos recursos praticamente sem limites dos programas voltados para o desenho e para a imagem, desenvolvidos pela tecnologia digital.
Enquanto, na etapa de arte-final, títulos, textos e ilustrações, obtidos por meio de registros fotográficos em papel, eram colados num suporte rígido com a indefectível cola de borracha, originalmente usada por outra classe de artesãos: a brava e respeitável categoria profissional dos sapateiros.