Esse cartaz é bem antigo e integrava o projeto de identidade visual, feito no princípio dos anos de 1990, para uma série de espetáculos no Centro Cultural Banco do Brasil. É de um tempo saudoso em que a colaboração entre os designers gráficos e as várias formas de produção cultural, em todas as áreas, se mantinha incessante e muito ativa, principalmente entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Foi realizado no marco exato da passagem entre duas técnicas de criação de imagens: a analógica, e a digital. E pôde, por isso mesmo, se despedir de um tempo – anterior à fundação da Ouro sobre Azul, diga-se de passagem –, quando a expressão dos designers dependia da destreza no manejo de uma prancheta equipada com esquadros de ângulos diferentes, compassos, régua T, grafites duros e macios de várias espessuras, do traçado preciso das canetas a nanquim com suas penas incontáveis, sem esquecer as quantidades incríveis de papel manteiga, onde o designer superpunha – lâmina a lâmina – as melhorias que ia trazendo para o projeto.
Encontro de violões foi concebido mentalmente com extrema precisão. De tal forma que o designer pôde descrever para o fotógrafo – Pedro Lobo – exatamente o efeito que estava buscando. Permitindo a Pedro, muito criativo e engenhoso, a construção de um eixo no qual a câmera ia se deslocando tanto no sentido da altura quanto na rotação, a cada um dos inúmeros registros do instrumento. As imagens foram superpostas num mesmo cromo e não contente com o efeito já obtido pelo fotógrafo, o designer, acentuou a ideia da vibração – própria do instrumento – superpondo e repetindo a imagem obtida 4 vezes, em 4 dimensões e 4 rotações diferentes. Na verdade todos expedientes muito simples mas que, contando com o engenho do fotógrafo e com os recursos da tecnologia digital, puderam resultar exatamente no efeito que estava sendo buscado pelo designer.