Hedda Gabler

Esta encenação de Hedda Gabler, de Henrik Ibsen, com Dina Sfat no papel principal e direção de Gilles Gwizdek, é de 1982 e o programa registra momentos dos ensaios nas tomadas de excepcional qualidade do fotógrafo Bina Fonyat. Foi o primeiro trabalho de identidade visual feito para Dina que, a partir daí, passou a usar meus serviços de design a cada produção. Dina era muito consciente da importância de cuidar com atenção desse setor. Dizia que era a única coisa palpável que sobrava dos espetáculos – a cada vez – fundamental – também a cada vez – quando saia em campo à cata de patrocínio para novas encenações. Quando, então, mostrava o programa de um trabalho anterior considerado, por ela, elemento chave de sua capacidade de realização como produtora.

Depois da experiência com Hedda Gabler estivemos juntas em mais duas parcerias, sempre no mesmo clima de respeito mútuo e interesse, uma pelo trabalho da outra. Esse projeto, realizado durante os ensaios da peça, buscou mostrar tanto a luz quanto o clima de trabalho do diretor e dos atores, como algumas fotos feitas antes e depois da prova com a roupa. Na época, salvo as exceções de sempre, não era habitual a programas de espetáculos teatrais mostrarem cuidado e minúcia equivalentes. De tal forma que, ao finalizar seu texto, o crítico do antigo Jornal do Brasil fez uma menção simpática ao programa, observando, justamente, o cuidado com que tinha sido concebido e o apuro gráfico com que tinha sido realizado. Dina faz uma falta enorme. Com a morte dela o setor artístico perdeu uma personalidade original, valente, honesta e sagaz. Eu, a amiga leal, discreta e inteligente de quem lembro com emoção e imensa saudade. Até hoje.

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