Imagens do inconsciente

O extraordinário trabalho de Nise da Silveira à frente do Hospital Psiquiátrico Pedro II germinou durante o Estado Novo, quando, presa, entre outros com Graciliano Ramos, percebeu que a criatividade era um antídoto poderoso contra as barreiras emocionais trazidas pela reclusão, contra “o amesquinhamento da pessoa humana, a dor física e todas as questões que estão por trás disso”, conforme observa Leon Hirszman num texto a propósito do filme Imagens do inconsciente, no libreto que acompanha o conjunto de dvd’s editados pelo Instituto Moreira Salles.

Ou seja, ainda nas palavras de Leon, Nise da Silveira descobriu, nesse período soturno da própria vida, que “trabalhando, criando, produzindo, a pessoa fica mais forte para resistir a todos os embates”. A partir daí desenvolveu sua técnica de aproximação à identidades conturbadas, digamos assim, aplicando nelas a terapia da criação, de maneira que pudessem ir reorganizando a desordem interior através da pintura, da modelagem, do desenho.  Nesse processo surgiram entre os internos pelo menos três grandes artistas: Carlos Pertuis, Fernando Diniz e Adelina Gomes, em torno dos quais gira o documentário de Leon Hirszman. Coube à Ouro sobre Azul o projeto gráfico do produto, um dos vários a que se dedicou, enquanto Jose Carlos Avelar foi o coordenador de cinema do IMS.

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