Em 1997 o Centro Cultural Banco do Brasil organizou a mostra Leon de Ouro tendo como objeto a obra de Leon Hirszman, exatos dez anos depois da morte do cineasta. Leon integrava o grupo do Cinema Novo junto com Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha e Joaquim Pedro de Andrade, formando com eles o que certamente se constitui no quarteto mais talentoso do movimento. Além de artista sensível, Leon esteve sempre atento à questão da injustiça social e tanto os longas-metragens quanto os documentários, entre os 20 filmes que deixou, revelam essa condição de homem comprometido com a denúncia da iniquidade, feita sempre na mais apurada forma estética a seu alcance.
A identidade visual da mostra, por sua vez, foi uma encomenda muito anterior a constituição da Ouro sobre Azul, quando o design no mundo todo, no Brasil, em particular, começava a se defrontar com os recursos praticamente ilimitados trazidos para a profissão, pelos meios virtuais de planejamento e prática de ideias. O uso da transparência e da superposição de formas, antes de realização difícil, tornou-se absolutamente banal e foi dos primeiros a ser explorado à exaustão por designers no mundo todo.
A capa desse catálogo é bem um exemplo do momento em que o design gráfico estava inebriado com esse recurso, correndo o risco de explorá-lo em excesso.