O baile de máscaras

O baile de máscaras é uma peça de Mauro Rasi que esteve em cartaz no Teatro dos 4, no Rio de Janeiro, de julho a dezembro de 1991 e reflete, em forma dramatúrgica, o fascínio do autor pelo mundo das artes cênicas – da ópera, em particular, gênero no qual se apoiou para escrever O baile de máscaras – e de seus personagens, numa mistura proposital entre fantasia e realidade. Ou seja, Mauro se deteve tanto nos personagens, propriamente ditos, quanto em seus intérpretes que, no caso da ópera eram Maria Callas, Giusepe Di Stefano, Placido Domingos, Luciano Pavarotti e Giuseppe Verdi, para ficarmos só nesses. A mim confiaram a identidade visual do espetáculo e, para projetá-la, me comportei do mesmo modo que me comportava quando Dina Sfat me incumbia de tarefa igual, ou seja, assistindo a muitos ensaios, na etapa preliminar da definição do princípio gráfico e, depois, quando já era possível registrar o trabalho no palco em estágio mais maduro, com os figurinos, o cenário e a iluminação esboçados quando não já prontos.

Ocorre que nesse projeto, concebido e realizado num momento anterior ao uso da tecnologia digital por nós designers, a ideia contou apenas com recursos artesanais para ficar de pé. Então, um dos meios utilizados para realizar o que tinha sido concebido, foi fotografar os atores sobre fundo preto substituído, numa etapa posterior, pelas imagens meio oníricas, obtidas por meio de colagens fotográficas. Não foi um projeto de realização técnica nem fácil nem corriqueira. Tanto é que, para minha surpresa, quando a gráfica encarregada de realizar os fotolitos entregou as montagens já prontas, o material entrou pela minha casa adentro – a entrega deve ter sido feita tarde da noite – acompanhado por um rapaz moço de tudo. Diante do meu espanto, porque ele não tinha de jeito nenhum aspecto de entregador – era, na verdade, técnico em montagem de filmes – ele reagiu no ato, sem perceber que, no fundo, estava sendo meio desrespeitoso: – Que trabalho incrível! Queria conhecer o louco que tinha feito! Achei graça e talvez, apenas ali, tenha tido a exata dimensão da dificuldade que eu tinha aprontado! Um esforço de realização artesanal do arco da velha que o computador e os programas de tratamento digital da imagem tornariam infinitamente menos complicados, logo no ano seguinte.

Veja também

O site da Ouro Sobre Azul utiliza cookies e tecnologias semelhantes para ajudar a oferecer uma experiência de uso mais rica e interessante.