Visão de Juazeiro

Visão de Juazeiro é o nome do segundo documentário de Eduardo Escorel que, antes disso, havia feito – em parceria com Júlio Bressane – apenas Betânia bem de perto. Filmado em 16 mm, Visão de Juazeiro foi ampliado para 35 mm, num procedimento, na época, pouco usual, no Brasil. O propósito era documentar a romaria de finados, na cidade, o que, em 1969, ano do registro, coincidia com a inauguração de uma estátua monumental do Padre Cícero. Quanto ao letreiro do filme, encomendado à nossa jovem designer – naquele momento trabalhando ainda sozinha, como freelancer – serviu para uma experiência cujo resultado ela reteve como dos mais gratificantes vividos na trajetória profissional.

Projetado em 1970, quando a moça ainda não tinha completado o curso superior – o letreiro foi impresso pelo processo tipográfico, em máquina plana e contato direto do papel com os clichês metálicos: um para cada cartela a ser filmada. O fornecedor era uma pequena empresa localizada na Rua Sacadura Cabral, pertencente à uma família de impressores, que havia deslocado o negócio do sul de Minas para o centro do Rio. Amantes do ofício, que já vinha com eles do pai para os filhos, possuíam tipos e ornamentos de caixa, muito úteis na feitura de impressos efêmeros para comunicados e “reclames” em pequenas cidades brasileiras, como aquela de onde a família tinha vindo.

E o que a jovem designer pretendia era, justamente, alcançar um efeito que, de algum modo, se associasse aos produtos gráficos da primeira metade do século XX – anteriores à chegada do offset, portanto – entre os quais a literatura de cordel, que vinha de mais longe ainda, servia indiretamente como inspiração e referência.

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