A palavra afiada reúne um rico material da autoria de Gilda, em sua maioria inéditos em livro: entrevistas, textos e 11 cartas a Mário de Andrade, escritas entre 1938 e 1942.
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A palavra afiada é a de Gilda de Mello e Souza (24.3.1919 – 25.12.2005), integrante de uma das primeiras turmas e das raras mulheres a cursar a recém-fundada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Estudando filosofia ouviu aulas de Roger Bastide, Jean Maugüé, Claude Lévi-Strauss e ser aluna desses mestres definiria sua vida e sua carreira.
Entre os 12 e os 24 anos viveu na casa da madrinha e tia-avó Maria Luiza de Moraes Andrade, mãe de Mário de Andrade, que também morava ali e exerceu sobre Gilda influência definitiva.
Na faculdade participaria do grupo da revista Clima que fundou em 1941 com Antonio Candido, Decio de Almeida Prado, Lourival Gomes Machado, Paulo Emílio Salles Gomes, Ruy Coelho, entre outros, e onde publicaria artigos e contos.
Sua tese de doutoramento, A moda no século XIX (1950), seria publicada na Revista do Museu Paulista em 1952 e republicada em 1987 pela Companhia das Letras, com o título de O espírito das roupas.
A originalidade e o pioneirismo do pensamento, sua marca registrada, mostram-se na escolha do tema que apenas um quarto de século depois seria descoberto pela universidade francesa e internacional, quando Roland Barthes publicou Système de la mode em 1976.
É autora, ainda, de O tupi e o alaúde (1979), Exercícios de leitura (1980)e A ideia e o figurado (2005) e neles confirma a naturalidade com que se movia por diferentes ramos das artes, indo da pintura à literatura, e desta ao cinema, ao teatro, com incursões pela fotografia ou pela dança em Fred Astaire, sempre apanhando o leitor desprevenido graças à perspicácia com que apreendia ângulos inusitados.